AgTech e o futuro do agronegócio estão relativamente muito próximos neste fenômeno recente do mercado, no entanto está se formando uma das grandes febres tecnológicas do mundo e que atrai um grande (e crescente) número de fundos de investimentos. AgTech é termo usado nos EUA para se referir às empresas de tecnologia aplicadas ao agronegócio.
Grandes companhias de tecnologia e empreendedores de diversos países estão em busca desta revolução e no Brasil, não é diferente. Muitas pessoas estão interessadas nos percalços e avanços da vida rural brasileira, especificamente para poder empreender com novas chances de ganhar dinheiro encontrando soluções tecnológicas para eles.
O aumento do número de startups voltadas ao agronegócio explica isso. A quantidade de novas ideias de negócios no país de acordo com o 2º Censo Agtech Startups Brasil, dobrou entre o ano de 2016 e primeiro semestre de 2018.
Além disso, um novo levantamento realizado pelo AgTechGarage e a Esalq/USP, apresenta dois aspectos assertivos quando se trata da disseminação da inovação no campo, sendo um deles o desenvolvimento do empreendedorismo no Centro-Oeste, incluindo Amapá, Amazonas, Pará e Piauí que são novidades, e Goiás e Mato Grosso, ambos com maior representatividade.
No Brasil, a soja continua sendo a preferida pelo produtor rural, mas já temos a diversificação das culturas e com isso surgiram novas tecnologias para produções menos commoditizadas, como por exemplo, a hortifruticultura e a piscicultura.
Segundo José Tomé do AgTechGarage de Piracicaba, a aceitação do agricultor brasileiro à tecnologia passou a ser mais alta.
Essa aceitação gera então, o amadurecimento do empreendedorismo rural e ela advém também, da capacidade das startups de atender o cliente em cenários adversos. De acordo com Tomé, essas empresas conseguiram dar um “jeitinho” na realidade brasileira de baixa conectividade rural. “É claro que não ter internet não é bom, dificulta, mas o que o senso mostra é que as startups não viram isso como uma barreira de entrada”, diz ele.
Segundo ele, elas foram a fundo na percepção do que é ser uma startup: viram qual era o problema e rapidamente, adequaram-se para resolvê-lo com agilidade, criando, por exemplo, aplicativos que podem ser alimentados offline para descarregar informações onde há sinal de internet.
Foi-se o tempo da hegemonia das grandes empresas do setor agroquímico mundial na competição por novas tecnologias para elevar o rendimento no campo. Hoje, já é possível ver grandes parcerias fechadas entre ambos os lados (pequenas e grandes empresas).
De acordo com o censo, 51% disseram já ter fechado pelo menos uma parceria com uma grande empresa. O que trouxe vantagens como a capacitação e mentoria, o acesso à base de clientes e vendas, a contratação do projeto-piloto, dentre outras.
“Empresas e startups estão se conhecendo e interessadas nessa aproximação”, declara o professor da Esalq/USP e co-idealizador do censo, Mateus Mondim. “E podemos dizer é que as startups estão em processo de amadurecimento”.
Pequenas e médias fazendas estão passando por um processo de fortalecimento. A transformação digital do agronegócio agora, prevê maior integração dessas culturas, e antecipa a garantia de ganhos de produtividade e competividade em um mercado extremamente commoditizado e pulverizado. Novamente, a revolução tecnológica traz ao campo um novo mercado, ajudando os novos e antigos profissionais a afrontarem o crescimento da demanda mundial por alimentos.
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