O tema da redação neste ano, “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”, foi considerado complexo e confuso, porém atual, já que esse assunto veio à tona sobretudo, depois da eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2016.
Mais de 5,5 milhões de estudantes inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 participaram no último domingo (4 de novembro) do primeiro dia de provas, que foi composto por 45 questões de linguagens e outras 45 de ciências humanas, além da tão temida redação.
Dados de milhões de usuários do Facebook foram utilizados pela consultoria britânica Cambridge Analytica com o objetivo de direcionar informações para beneficiar a campanha do republicano.
Em outubro de 2018, devido ao caso sobre privacidade denominado como “Cambridge Analytica”, a empresa de Mark Zuckerberg foi condenada ao pagamento de uma multa no valor de 500 mil libras (aproximadamente R$ 2,35 milhões) para o governo do Reino Unido, por fracassar na proteção de dados de seus usuários.
Manipulação de dados x Fake News
Alguns professores que fizeram a revisão e comentários sobre a prova do último domingo, reforçaram uma questão importante: houve o risco de muitos estudantes confundirem a manipulação de dados na internet com o alastramento de notícias falsas (Fake News), embora esse assunto possa ser abordado na argumentação, mas não utilizado como tema central da redação.
O termo Fake News se popularizou através do advento das redes sociais, e a imprensa começou a utiliza-lo com frequência, nas eleições presidenciais dos EUA de 2016. Esta expressão em inglês, refere-se às falsas informações divulgadas pela internet.
Já a manipulação de dados está relacionada ao controle do comportamento do usuário da internet por meio do acesso aos dados dele.
Neste ano, uma das vertentes a serem exploradas pelos estudantes, além das Fake News, poderia ser o Marco Civil da internet, que regulamenta por meio de lei, em vigor desde 23 de junho de 2014, a utilização da internet, estabelecendo princípios e garantias que tornam a rede livre e democrática no Brasil.
Os participantes também poderiam, dentre vários outros temas, discorrer sobre o caso de Edward Snowden, que revelou informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos, e contou ao mundo detalhes a respeito de alguns dos programas de vigilância que o país utiliza para espiar a população americana e de vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, por meio dos servidores de empresas como Apple, Google e Facebook.
Diferentes visões de um mesmo tema
Conforme publicado pelo portal G1, dois dos quatro textos motivadores apresentados neste ano, abordam abertamente a questão de algoritmos, sendo eles: “O gosto na era do algoritmo”, escrito pelo jornalista Daniel Verdú, do jornal El País e “A silenciosa ditadura do algoritmo”, de Pepe Escobar.
Em outras palavras, embora houvesse complexidade no tema, um dos desafios da proposta era garantir a liberdade de expressão, mesmo que isso ocorra em uma Era onde os algoritmos encarregam-se de orientar sobre posições ideológicas, lembrando sempre, num contexto mundial, da reflexão a respeito da informação que circula na internet e dos impactos que a manipulação desses dados têm na sociedade.