É uma revolução digital. Há alguns anos, grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício estão se mobilizando para transformar a medicina e isso se intensificou após estímulo do Governo dos Estados Unidos, que incentiva prestadores de serviços desta área a adotarem registros eletrônicos de saúde.
Várias startups tentaram criar seu próprio cenário de telemedicina, que resultaram em dispositivos portáteis de saúde, aplicativos para smartphone e inteligência artificial, como por exemplo, os relógios de monitoramento biológicos da Fitbit e da Apple, que são produtos relevantes no mercado atual.
Além de novos objetos, há empresas que focam na inteligência artificial para facilitar o contato com médicos (e em alguns casos até mesmo substituir consultas presenciais).
Tudo ou nada
As mudanças visadas pelo Vale do Silício vão além das apresentadas até hoje e atualmente o que falta é uma forma de relacionar esses desenvolvimentos tecnológicos a um serviço que seja coerente e que faça a junção dos pacientes com prestadores de serviços de saúde e seguradoras, assim como é feito nos sites como a Amazon, que trazem quase todos os tipos de varejo até você com apenas um clique.
Amazon Web Services (AWS)
E por falar nela, é importante lembrar que a transformação digital da saúde e das ciências biológicas já começou para a Amazon e a gigante promete que, vai ser tão fácil procurar serviços saúde quanto comprar um novo computador pela internet. Jeff Becker, analista sênior do setor de saúde da Forrester Research, afirma que os cuidados de saúde nunca foram uma indústria comprável. “A Amazon vai mudar isso”, ressalta.
A plataforma tem como objetivo personalizar a trajetória de saúde do paciente, lapidar a tomada de decisões através da orientação por meio de dados, além de agilizar a medicina de precisão.
Através da AWS, são disponibilizados mais de 100 serviços qualificados pelo HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act), além de estruturas de interoperabilidade de dados e ferramentas de análise e machine learning simples. O lema em destaque no site diz: ‘Da bancada ao leito, inove com mais rapidez para aprimorar os resultados do paciente e reduzir os custos’, e lá, há explicações sobre “Serviços e seguros de saúde”, “Farmacêutica e biotecnologia” e “Genômica”, além de outros itens em destaque.
É realmente viável?
Procurar atendimento médico com base em um aplicativo é de fato um assunto mais delicado do que podemos imaginar. Em muitas áreas, serviços online podem trazer resultados satisfatórios, mas, quando se trata da nossa vida, será que os serviços virtuais podem atender realmente nossas necessidades quanto uma ida ao tradicional consultório médico?
Até então, os pacientes parecem receptivos à telemedicina, seja por vídeo, voz ou texto e de acordo com uma pesquisa da Harris feita em 2017, um em cada cinco pacientes prefere médicos dispostos a fazerem algum tipo de consulta remota. Dados mostram ainda que o interesse dos pacientes em telessaúde quase dobrou entre 2017 e 2018.
Na Atrius, mais da metade dos encontros entre seus 740 mil pacientes e 715 médicos são realizados por meio de alguma forma de comunicação eletrônica.
Outro pioneiro, o centro médico da Universidade de Utah, oferece uma ampla escala de serviços de telessaúde e por lá, um estudo foi realizado com 200 pacientes grávidas e mostrou que a oferta deste tipo de atendimento reduziu quase que pela metade o número de visitas pessoais durante a gravidez, o que diminui significativamente os custos, e aumentou a satisfação das pacientes. “Isso melhora o envolvimento do paciente em sua saúde”, ressalta Maia Hightower, chefe de informações médicas da universidade.
O salto
Há quem tenha preferência por resolver seus problemas de saúde por meio de mensagens de texto, sites ou aplicativos, no entanto, pacientes mais velhos podem ter dificuldade em dar este “salto” para a tecnologia, mas de acordo com especialistas, a velocidade da adoção deste tipo de serviço se dará pela rapidez com que as pessoas mais jovens a veem como rotina, fazendo com que isso “respingue” nos mais velhos.
Isso poderá ser útil ainda, aos pacientes que sentem dificuldade em revelar o que sentem. Para Priyanka Agarwal, médica que lidera a saúde digital na MyoKardia, uma empresa de biotecnologia focada em doenças cardíacas, compartilhar problemas de saúde com fornecedores eletrônicos pode ser mais fácil do que com as versões humanas. “Quando um médico pergunta como você está, muitas pessoas tendem a dizer ‘tudo bem’, mesmo que não estejam”, ressalta a profissional.
Adeus, doutor?
Não. Não é bem assim. De acordo com Hightower de Utah, todos no sistema podem receber os toques digitais de que precisam o tempo todo, porque são muito fáceis de dimensionar. “Dessa forma, podemos dar mais toques humanos de custo mais alto aos pacientes de maior risco, até enviando médicos para suas casas” explica o profissional.
Sendo assim, vale ressaltar que os cuidados humanos não vão acabar, nem mesmo serão reduzidos. No entanto, novos sistemas de assistências médicas serão acionados eletronicamente, tornando mais fácil a chegada de soluções, reduzindo custos e melhorando resultados.